O mercado financeiro mundial estará de olho nos principais indicadores econômicos dos Estados Unidos na semana que inicia em 1º de abril, especialmente no "Payroll", o relatório de emprego americano referente ao mês de março. O Payroll é um indicador importante que pode impactar as expectativas sobre as taxas de juros no país, e que será divulgado na sexta-feira, dia 5 de abril. Se o Payroll mostrar que o mercado de trabalho americano continua aquecido e que a economia ainda está resiliente, o mercado pode acreditar que os juros vão demorar mais para cair, o que tende a impactar negativamente os ativos locais e internacionais. Contudo, se os sinais forem de que o país está desacelerando, agentes podem acreditar que há espaço para os Estados Unidos cortarem juros mais cedo. Atualmente, a maior parte dos agentes de mercado projeta três cortes nos juros americanos este ano, começando em junho. Antes do Payroll, serão divulgados alguns dados que servem como uma prévia. Na terça-feira, dia 2 de abril, sai o relatório Jolts (Job Openings and Labor Turnover Survey), que serve como indicador da falta ou do excedente de força de trabalho nos EUA. Já no dia seguinte, quarta-feira, dia 3, a ADP (American Data Processing) publica o seu boletim com a estimativa de criação de empregos do setor privado. No Brasil, na quarta-feira, dia 3, o IBGE informa a produção industrial de fevereiro. Já na sexta-feira, dia 5, o Banco Central divulga o resultado primário do setor público consolidado em fevereiro. O dado é importante porque o governo tenta zerar o déficit primário este ano, mas parte do mercado acha que haverá dificuldade para cumprir a meta.

O que esperar do Payroll

Como mencionado, o Payroll é o principal evento da semana, e uma das informações mais importantes a serem observadas é a criação de empregos. Esse dado pode dar uma visão sobre a saúde da economia dos Estados Unidos. Espera-se que sejam acrescentados cerca de 177.000 empregos no relatório de março, ligeiramente abaixo dos 180.000 empregos acrescentados no relatório de fevereiro.

Outro indicador importante é a taxa de desemprego, e a expectativa é que ela fique em 3,8% em março, igualando o índice observado nos dois meses anteriores.

Por fim, o Payroll também traz informações sobre o crescimento dos salários, e espera-se que esse quesito tenha experimentado um ligeiro aumento.

Prévias do Payroll

Antes da divulgação do Payroll, algumas prévias podem ajudar a entender as possíveis informações que o relatório trará. Um desses indicadores é o relatório Jolts, expectativa para o qual é de um leve aumento de 7,58 milhões de empregos (para um número anterior de 7,58 milhões). Esse indicador tende a mostrar um quadro de desigualdade regional – ou seja, algumas áreas podem demonstrar falta de empregos, enquanto outras, excesso de mão-de-obra.

Já a ADP, instituição que provê soluções de tecnologia para recursos humanos, também traz uma estimativa de criação de empregos. A previsão para o relatório de março é de 170.000 empregos criados.

Desafios para o governo brasileiro

Enquanto isso, no Brasil, o governo enfrenta desafios para cumprir a meta de déficit zero nas contas públicas este ano. A divulgação do resultado primário do setor público consolidado em fevereiro é um importante indicador deste objetivo. Caso o déficit primário não diminua nos próximos meses, o país pode enfrentar dificuldades econômicas.

Além disso, a produção industrial de fevereiro também é um importante indicador da saúde econômica do país. O crescimento da indústria impacta diversos setores da economia, e por isso é um importante parâmetro para entender a economia brasileira como um todo.

Apesar dos desafios, o mercado financeiro mundial aguarda as informações desta semana com bastante expectativa, principalmente os indicadores econômicos dos Estados Unidos, que podem influenciar a economia de diversos países ao redor do mundo.

Por /valor-investe